Instituto Fayga Ostrower

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Herdeiros Fayga Ostrower

Texto de Fayga Ostrower, aula de encerramento do curso de composição e análise crítica, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1959. (Foi mantida a grafia original)

Arte e Espectador

Para encerrar o nosso curso quero falar hoje sobre um tema que interesse a todos, artistas e não-artistas. É o grande problema das relações da arte e o espectador. A obra de arte, uma vez criada, passa a viver uma vida autônoma, desligando-se do artista como uma criança que caminha para seu destino próprio, particular. E nós, seres vivos, ao encontrá-la, participamos deste seu destino, ou melhor, o moldamos e impulsionamos. O ato de contemplar não significa receptividade passiva, é antes altamente dinâmico. Para cada espectador que a recria para si mesmo em inúmeros e renovados instantes, a obra de arte se revela numa constante reencarnação, em vida que indefinidamente renasce.

Ao encarar o problema da participação ativa do espectador não podemos deixar de pensar imediatamente na situação existente em nosso século, i. e., no grande abismo entre a arte e o público. No entanto a opinião de Dürer de que "a pintura só poderia ser julgada por pintores, por bons pintores, pois para os outros permaneceria sempre uma linguagem estranha", leva-nos a crer que mensagem artística talvez nunca tenha chegado ao alcance das grandes massas e que em todos os tempos ficou restrita a uma minoria. É claro que não quero nem poderia defender esse estado de coisas como ideal – apenas constato a realidade histórica sem saudosismos falsos e sentimentais.

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