Käthe Kollwitz: uma vida e obra
Palestra de Fayga Ostrower na exposição 'Käthe Kollwitz: uma vida e obra', Paço Imperial, Rio de Janeiro, outubro de 1988. (Foi mantida a grafia original)
Antes de falar sobre a obra de Käthe Kollwitz quero prestar-lhe uma homenagem pessoal, pois de certo modo, foi através de sua obra que vim a conhecer a gravura. Nos tempos da Segunda Guerra Mundial, concentraram-se, aqui no Rio, grupos de refugiados europeus, vindos da Alemanha, da Áustria, de Portugal, da Espanha, da Itália. Por ocasião destes encontros, vi gravuras desta artista. Foi uma paixão instantânea. Além do impacto que me causou sua obra, ela me motivou a procurar a gravura como meio de expressão. É verdade, que mais tarde no meu próprio trabalho, me afastei do caminho expressionista. Mas não foi por acaso que, já as primeiras gravuras que fiz, ilustrando O cortiço, de Aluisio de Azevedo, foram influenciadas por Käthe Kollwitz. Pelo menos em duas imagens, a da mulher esperando pelo companheiro, que não volta mais, e a da criança que vê a mãe morta no chão, se encontra claramente o espírito de seu enfoque. Acho importante a gente reconhecer suas influências artísticas, pois estas são sempre seletivas. E fica uma dívida de gratidão para quem ensina tanta coisa.
Agora falando sobre Käthe Kollwitz, quero começar apresentando as datas de alguns artistas contemporâneos seus. (…)
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Epígrafe do catálogo Caminhos de Fayga Ostrower
Texto de Fayga no catálogo da exposição Caminhos de Fayga Ostrower, Caixa Cultural Rio de Janeiro, 2006. (Foi mantida a grafia original)
Creio que cada artista só pode criar de dentro para fora, falando de experiências vividas em sua própria época. Ele não pode reviver épocas passadas nem antecipar épocas ainda não vividas, pois não existe procuração para o ato criador. Mas isto não significa que ele parte de uma tábula rasa. A sua experiência individual, historicamente única, se interliga com toda uma linha de evolução humana – quer dizer, ela foi possível só porque existiram experiências anteriores. Se sua obra for válida, o artista reata nós para futuras experiências, embora não possa prevê-las.
A Criatividade na Educação
Texto de Fayga Ostrower no livro A Arte como Processo na Educação, coordenado por Maria de Lourdes Mäder Pereira. FUNARTE, Rio de Janeiro, 1981. (Foi mantida a grafia original)
O potencial criador do homem realiza-se dentro de sua própria produtividade. Estimulado pelo desafio de necessidades a satisfazer, tarefas a cumprir a fim de sobreviver melhor, em seu trabalho o homem imagina soluções e cria.
Assim também, a arte se caracterizaria como um trabalho, no sentido de ser útil para a sobrevivência do homem. Mais do que útil, porém, a arte afeta a essência humana do homem; acrescentando dimensões novas à existência, ultrapassa o ser biológico para caracterizar no homem um ser espiritual.
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Políptico do Itamaraty
Texto de Fayga Ostrower para o catálogo da exposição de apresentação do Políptico do Itamaraty e dos estudos feitos para chegar ao conjunto definitivo. MAM, Rio de Janeiro, junho de 1968. (Foi mantida a grafia original)
O espectador talvez estranhe o longo tempo de elaboração para êste painel. acontece, porém, que no decorrer do trabalho, isto é, partindo de uma idéia inicial e procurando ampliar e definí-la, apresentaram-se tantas opções, e das mais fascinantes, que me senti obrigada a experimentá-las extensivamente antes de aceitar ou abandoná-las. de fato, diante desta multitude inesperada de possibilidades, a elaboração interna se prolongou por muito mais tempo do que, ao empreender o trabalho, eu tinha previsto.
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Arte e Espectador
Texto de Fayga Ostrower, aula de encerramento do curso de composição e análise crítica, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1959. (Foi mantida a grafia original)
Arte e Espectador
Para encerrar o nosso curso quero falar hoje sobre um tema que interesse a todos, artistas e não-artistas. É o grande problema das relações da arte e o espectador. A obra de arte, uma vez criada, passa a viver uma vida autônoma, desligando-se do artista como uma criança que caminha para seu destino próprio, particular. E nós, seres vivos, ao encontrá-la, participamos deste seu destino, ou melhor, o moldamos e impulsionamos. O ato de contemplar não significa receptividade passiva, é antes altamente dinâmico. Para cada espectador que a recria para si mesmo em inúmeros e renovados instantes, a obra de arte se revela numa constante reencarnação, em vida que indefinidamente renasce.
Ao encarar o problema da participação ativa do espectador não podemos deixar de pensar imediatamente na situação existente em nosso século, i. e., no grande abismo entre a arte e o público. No entanto a opinião de Dürer de que "a pintura só poderia ser julgada por pintores, por bons pintores, pois para os outros permaneceria sempre uma linguagem estranha", leva-nos a crer que mensagem artística talvez nunca tenha chegado ao alcance das grandes massas e que em todos os tempos ficou restrita a uma minoria. É claro que não quero nem poderia defender esse estado de coisas como ideal – apenas constato a realidade histórica sem saudosismos falsos e sentimentais.
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A Fonte do Desejo em Goya
Artigo no livro O Desejo, Editora Companhia das Letras, SP, lançado em 1990, 503 páginas. Organização: Adauto Novaes, a partir do ciclo de conferências O Desejo, organizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas da Fundação Nacional de Arte (Funarte).
Fayga escreveu o texto intitulado A Fonte do Desejo em Goya (18 páginas, 24 ilustrações):
"Parto da noção do "desejo" como uma força elementar que existe em cada um de nós, entendendo-o num sentido global, como um anseio inicialmente sem objetivos determinados. É um desejo de ser e de realizar-se - assim como uma semente "quer" nascer, brotar e desenvolver-se em suas formas características. Transformando-se, pelo mero fato de sua presença, em necessidade interior, o desejo mobiliza as aspirações das pessoas e os eventuais caminhos da realização e suas potencialidade. (...)
Quero frisar o caráter global do desejo, constituindo a força e fonte de nossas aspirações. No início de vida das pessoas, essa força está, por assim dizer "em aberto", indefinida. Evidentemente Goya não poderia de antemão desejar ser "Goya", pois ele nem sabia o que significava tornar-se um Goya. Tampouco quanto às alegrias e tristezas que o aguardavam, ele poderia prever as circunstâncias concretas de seu viver, e nem de que modo ele haveria de entender e de reagir aos vários desafios que encontraria pela vida afora".
Companhia das Letras
Editora Schwarcz Ltda.
Tel: (0xx11) 825-5286 | 825-6498
Goya: Luz e Trevas. Algumas considerações sobre expressividade e estilo em Los Caprichos
Artigo no livro Os Caprichos de Goya - Editora Imaginário, SP, lançado em 1995, 130 páginas, 80 ilustrações.
Organização: Charles Beaudelaire, com ensaios de Fayga Ostrower, Carlos R. F. Nogueira, Dorothea V. Passetti.
Fayga escreveu o texto intitulado Goya: Luz e Trevas. Algumas considerações sobre expressividade e estilo em Los Caprichos (10 páginas, 80 ilustrações):
"Goya teve o maior cuidado ao elaborar a seqüência das gravuras em forma de um ciclo, o que está bem evidenciado pelo grande número de estudos preparatórios que fez, com suas variações, correções e alterações. O ciclo é dividido em duas partes. A primeira representa comentários irônicos sobre os costumes da época e os relacionamentos entre homens e mulheres, mostrando o absurdo e ridículo das convenções, as falsidades, traições, duplicidades e ambigüidades amorosas. As imagens da segunda parte são realmente cáusticas; representam sátiras políticas e anticlericais. Também, pelas conotações e associações de cenas ilustradas, as temáticas muitas vezes se cruzam".
Editora Imaginário
Av. Pompéia, 2549 conj. 01 - Pompéia
05023-001 São Paulo - SP
Tel: (0xx11) 824-2964
A Construção do Olhar
Artigo no livro O Olhar, Editora Companhia das Letras, SP, lançado em 1988, 495 páginas (esgotado). Organização: Adauto Novaes, a partir do curso livre O Olhar, organizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas da Fundação Nacional de Arte (Funarte), abrangendo artigos sobre artes plásticas, cinema, literatura e arquitetura.
Fayga escreveu o texto intitulado A construção do olhar (16 páginas, 10 ilustrações - agora online):
"Dirijo-me à sensibilidade de cada um. Falarei sobre experiência artísticas e sobre o papel que é desempenhado pela percepção, este espontâneo olhar-avaliar-compreender (de fato a palavra "percepção" já conota compreensão). E vocês vão entender, à medida que certos problemas estarão sendo colocados, o quanto os processos de percepção se interligam com os próprios processos de criação. O ser humano é por natureza um ser criativo. No ato de entender, ele tenta interpretar e, nesse interpretar, já começa a criar. Não existe um momento de compreensão que não seja ao mesmo tempo criação. Isso se traduz na linguagem artística de uma maneira extraordinariamente simples, embora os conteúdos sejam complexos."
Companhia das Letras
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Da Gravura Chinesa à Imagem do computador
Artigo no livro A Cultura do Papel - Editora Casa da Palavra, Fundação Eva Klabin Rapaport, RJ, lançado em 1999, 190 páginas. Organização: Marcio Doctors, com ensaios de Fayga Ostrower, Helio Jaguaribe, José Mindlin, Ana Virginia Pinheiro e Ricardo Joppert.
Fayga escreveu o texto intitulado Da gravura chinesa à imagem do computador. (28 páginas, 26 ilustrações):
"As formas de arte são formas de matéria. De determinada matéria. Suas formas características se apresentam como o "vocabulário", por assim dizer, de uma linguagem formal. O que aqui está sendo apontado é um fato importante, a saber: todas as linguagens artísticas são de natureza não-verbal. É preciso não confundir o não-verbal com o pré-verbal, este último representado por um estágio anterior à fala. São linguagens não-verbais, não-conceituais, são linguagens formais, de formas.
O que leva a um outro ponto importante: em si, essas formas são intraduzíveis. Ou seja, no nível do "vocabulário" de uma determinada linguagem, no nível de seus elementos básicos, qualquer tradução ou paráfrase, ou comparação, torna-se impossível. Dizer, por exemplo, que a cor "azul" pode ser comparada à "escala de dó maior" não explica nada e não faz o menor sentido. Tais comparações são inteiramente arbitrárias. O "azul" nunca poderia ser formalmente elaborado num contexto musical, assim como a "escala de dó maior" não poderia participar de uma relação colorística. São formas derivadas de matérias distintas, cada qual com suas características sensuais e formais".
Editora Casa da Palavra, Fundação Eva Klabin Rapaport
Tel: (0xx21) 2540-0037 | 2540-0130
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