Fayga Perla Krakowski
Nasce em Lodz, na Polônia, em 14 de setembro de 1920.
Em 1921, a família muda-se para Wuppertal, na Alemanha, cidade onde todos passam a morar até 1933. Naquele ano, primeiro seu pai, Froim Krakowski, e depois o restante da família, fogem para a Bélgica, amedrontados pela condição de judeus imigrantes na Alemanha nazista. Junto com outros refugiados cruzam a fronteira à noite, em silêncio, pelo meio de uma floresta. Permanecem ilegalmente na Bélgica até que conseguem visto para o Brasil.
Os Krakowski – Froim, a esposa Frimeta e seus filhos Fayga, Rachel, Elieser (Lesa) e Dawid – desembarcam no Rio de Janeiro em 1934 e vão morar em Nilópolis, na Baixada Fluminense.
1934
Fayga e sua irmã Rachel em uniforme escolar, Brasil
Passaporte de Frimet e filhos
Passaporte com datas de saída da Bélgica e chegada no Brasil
1938
Fayga conhece Heinz Ostrower – ele trabalha na Livraria Kosmos –, com quem se casa em 1941. Preso durante três anos na Alemanha, em função de sua militância política, Heinz fora deportado pelos nazistas e chegara ao Rio de Janeiro em 1937.
1939
Fayga inscreve-se na Sociedade Brasileira de Belas Artes, à rua do Lavradio, na Lapa. Na entidade, freqüenta duas ou três vezes por semana sessões de desenho com modelo vivo, após sair de seu trabalho em um escritório.
1942
Sem condições financeiras para continuar estudando, aos 13 anos de idade Fayga sai em busca de trabalho. Graças ao seu conhecimento de línguas – alemão, francês e um pouco de inglês –, consegue um emprego de auxiliar de escritório. Depois trabalha como secretária estenodatilógrafa em diversas empresas e indústrias. Quatro anos mais tarde, a família se muda para o bairro do Rio Comprido, na cidade do Rio de Janeiro.
1943
Conhece Axel Leskoschek, gravador austríaco com quem trava grande amizade. Ele a inicia no universo artístico, com aulas de gravura, pintura, desenho e composição.
1944
Executa, por conta própria, gravuras em linóleo para ilustrar o livro O cortiço, de Aluísio Azevedo. Em 1948, publica-se uma edição de luxo do livro com as gravuras de Fayga. A partir de então, começa a trabalhar ilustrando uma série de livros, revistas e jornais.
1945
Cria, também por conta própria, gravuras em linóleo para Histórias incompletas, de Graciliano Ramos; Deus lhe pague, de Joraci Carmargo; e Fontamara, de Ignazio Silone.
Para conhecer mais ilustrações criadas por Fayga, veja o catálogo da exposição “Fayga Ostrower Ilustradora”, publicado pelo Instituto Moreira Salles
1946
Matricula-se no curso de artes gráficas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ministrado por Tomás Santa Rosa, Carlos Oswald, Hanna Levy-Deinhard e Axl Leskoschek. O curso tem duração de seis meses e aulas diárias em horário integral e, por isso, Fayga decide abandonar o posto de secretária-executiva, cargo que lhe remunera com um alto salário, na General Eletric. Afirmará sempre que não se arrependeu desta decisão.
1947
Os trabalhos realizados durante o curso da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no ano anterior são expostos na galeria da Fundação e, posteriormente, na ABI - Associação Brasileira de Imprensa, ambas no Rio de Janeiro.
1948
Realiza sua primeira exposição individual na Galeria Itapetininga, em São Paulo, apresentada depois no Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro (Palácio Capanema/MEC). A exposição mostra obras da fase figurativa expressionista de sua carreira, entre desenhos, gravuras em metal, linóleos e xilogravuras.
1949
Nasce seu primeiro filho, Carl Robert.
1950
Recebe a Medalha de Prata no Salão Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. Expõe no Ministério de Educação e Saúde do Rio de Janeiro e no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP). Sob inspiração da didática de Leskoschek, começa a elaborar sua própria metodologia de ensino. Aceita alunos em casa para cursos práticos de desenho e gravura, o que faz até o ano de 1953, quando passa a dar exclusivamente aulas teóricas.
1951
Fayga e Heinz se naturalizam brasileiros. Cria a capa e as ilustrações para o livro Poesias, de José Caó.
1952
Nasce sua filha, Anna Leonor (Noni). Recebe o Prêmio de Gravura da Association Artistique el Littéraire, Paris, França. Neste ano, trabalha em Retirantes, composição que marca sua passagem da figuração para a abstração, e conhece a obra de Cézanne, influência fundamental nesta transição. Ilustra os livros Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima, lançado pela Editora Livros de Portugal, do Rio de Janeiro, e Opus 10, de Manuel Bandeira, edição comemorativa do primeiro aniversário das Edições Hipocampo.
1953
Realiza no MEC-RJ a primeira exposição da fase abstrata de sua carreira: Gravuras, Desenhos e Tecidos. Desde 1948 até 1965 trabalha com tecidos, criando mais de 500 desenhos, escolhendo os tecidos e supervisionando a impressão.
1954
Expõe no IX Reencontres Internacionales, em Genebra, ocasião em que recebe convite da Guilde Internationale de la Gravura – uma das mais importantes associações de arte internacionais – para a edição de uma gravura. É convidada a lecionar no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro (MAM-RJ), onde, durante 16 anos, ministra cursos teóricos de Composição, Estrutura espacial e expressão na arte, Análise de estilos, Teoria da Gestalt e Teoria da percepção.
1955
É contemplada com a Bolsa Senador Fulbright para estudar arte e vai para Nova Iorque (Brooklin Museum of Art), onde permanece por seis meses. É a primeira vez que sai do Brasil, desde que aqui chegara. Participa do Congresso Internacional sobre Educação Universitária nos Estados Unidos, na Universidade de Chicago, Illinois. Expõe gravuras na galeria The Contemporaries (NY). Fayga reencontra Hanna Levy-Deinhard, sua professora na Fundação Getúlio Vargas em 1946. As duas se tornaram amigas e se corresponderam de 1948 a 1979.
Volta a tempo de receber o Prêmio de Aquisição Carlo Tamagni, na III Bienal de São Paulo.
1956
Publica o Álbum 10 Gravuras, que tem tiragem limitada, assinada e numerada pela artista. Realiza a exposição individual Fayga Ostrower: Gravuras e Tecidos, no MEC-RJ, e no MAM-SP (quando recebe o 1º Prêmio de Arte Contemporânea, Melhor Exposição do Ano). Ilustra A terra inútil, de T. S. Elliot, lançado pela editora Maldoror, Rio de Janeiro.
1957
1958
É agraciada com o Grande Prêmio Internacional de Gravura na XXIX Bienal de Veneza. Realiza a exposição individual Gravuras de Fayga Ostrower, no MAM-RJ.
1959
Expõe na Galeria Bonino, em Buenos Aires. Viaja para a Inglaterra a convite do governo britânico, e percorre diversas universidades como palestrante. É a primeira viagem à Europa, desde que chegou ao Brasil, em 1934. Participa do Congresso Internacional de Arte e Arquitetura e do Congresso da Associação Internacional de Crítica de Arte, em Brasília, no qual apresenta a tese “O valor da arte na educação”.
1960
Ganha o Grande Prêmio de Gravura no I Certame Interamericano de Gravura, Buenos Aires, Argentina. Recebe convite para realizar dois painéis em cerâmica esmaltada (de 16 m x 4 m cada), para o novo edifício do Banco Lar Brasileiro, em Santos, São Paulo. Após dez meses de trabalho e da conclusão do projeto, sente dificuldade em voltar a trabalhar com uma escala pequena.
1961
É agraciada com o Prêmio de Gravura da I Bienal do México. Expõe na VI Bienal de São Paulo, na Sala Especial.
1962
Expõe na sala Grandes Prêmios de 1948 a 1960, na Bienal de Veneza, e no Institute of Contemporary Arts, em Londres, Inglaterra. Cria um mural com ornamentos em metal (de 28 m x 5,30 m), para a Sociedade Hebraica, no Rio de Janeiro.
1963
Recebe o Prêmio de Aquisição (Desenho), na VII Bienal de São Paulo. E, também, o Prêmio Resumo, de Melhor Exposição do Ano, pela Associação de Críticos de Arte (APCA) do Rio de Janeiro. Ocupa o cargo de vice-presidente da comissão brasileira da Associação Internacional de Artes Plásticas da Unesco. Participa do IV Congresso Internacional da Associação Internacional de Artistas Plásticos em Nova York – é sua Relatora Geral, com a tese “Sobre o relacionamento, em nossos dias, entre crítica de arte e artistas”.
1964
É convidada pelo governo norte-americano para lecionar na Spelman University, em Atlanta, onde permanece durante sete meses como artista residente e professora visitante, lecionando o Curso Avançado de Desenho e Pintura. A universidade, de maioria negra, é um dos locais das muitas manifestações contra a segregação racial nos Estados Unidos. No mesmo ano, participa do Congresso sobre Educação Universitária nos Estados Unidos, na Universidade da Pensilvânia, apresentando a tese “Educação superior para um mundo em transformação”.
1965
A artista é submetida a duas cirurgias. Ao retornar ao trabalho, surpreende-se com a luminosidade das cores que invade suas gravuras. Participa do 1º Congresso Internacional sobre Formação Profissional do Artista, em Londres.
1966
Recebe o título de Acadêmico Honorário da Academia delle Arti Dell Disegno, de Florença, Itália. Realiza a exposição Fayga Ostrower, no MAM-RJ. Trata-se de sua primeira retrospectiva, com obras que abrangem 20 anos de trabalho. Ministra o curso Princípios básicos da linguagem visual – Estilos na Arte, na Escola de Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte.
1967
Expõe na Galeria Pátio, em Santiago do Chile, sendo agraciada com o Prêmio Melhor Exposição do Ano pela Associação de Críticos de Arte de Santiago. Recebe o Prêmio de Gravura na I Bienal de Caracas, Venezuela. Recebe também o Prêmio Resumo, Melhor Exposição do Ano, da Associação de Críticos de Arte do Rio de Janeiro. Ministra o curso Arte moderna – As transformações estilísticas desde a Revolução Francesa aos dias de hoje, no Centro Brasileiro de Estudos Internacionais, Rio de Janeiro.
1968
Expõe, no MAM-RJ, 60 versões feitas para o painel de gravuras destinado ao Palácio dos Arcos, em Brasília. O Políptico do Itamaraty, título da versão final, é composto de sete xilogravuras em cores (de 80 cm de altura por 35 cm de largura, cada), e é fruto de nove meses de trabalho. Dois anos mais tarde, a obra será doada à ONU, por ocasião de seu 25º aniversário. Lança em exposição individual o álbum Fayga Ostrower: Gravuras 1954-1966, organizado por iniciativa do Conselho Nacional de Cultura. Participa da Passeata dos Cem Mil, junto com outros artistas.
1969
Prêmio Golfinho de Ouro de Criatividade Artística.
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Recebe o Prêmio Golfinho de Ouro de Criatividade Artística, conferido pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, com a exposição do MAM-RJ no ano anterior. Ganha o Prêmio de Gravura na I Trienal Internacional de Xilogravura Contemporânea, em Capri, Itália. Recebe também o Prêmio Resumo, Melhor Exposição do Ano, pela Associação de Críticos de Arte do Rio de Janeiro. Recebe convite do governo alemão para visitar institutos de arte e universidades daquele país. Ministra o curso Princípios da Arte e Comunicação Visual para operários da Gráfica Primor S/A, utilizando o mesmo conteúdo das aulas do MAM-RJ. O relato da experiência é publicado, em Universos da arte, em 1983.
1970
É laureada com o Prêmio de Gravura, da II Biennale Internazionalle della Gràfica, Florença, Itália. Ministra o curso Problemas de percepção: arte e forma expressiva, na Escola de Arquitetura da UFMG, em Belo Horizonte. Participa do seminário Problemas de expressão na Arte, e participa do planejamento do currículo da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador.
1971
Ministra o curso Formação artística, no Instituto de Arte da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre.
1972
Recebe proposta de ilustrar o poema “O Rio”, de João Cabral de Mello Neto, para uma edição de luxo. Para realizar o trabalho, retoma a técnica de serigrafia, com a qual apenas trabalhara na estampagem em tecidos. Recebe o Prêmio Resumo, Melhor Exposição do Ano, pela Associação de Críticos de Arte do Rio de Janeiro. Ministra o curso Técnicas de gravura e problemas de expressão, em Baltimore, San Antonio (Texas) e Washington, nos Estados Unidos. Ministra os cursos Percepção e expressão na arte, na UFBA, Salvador; e Análise e crítica da obra de arte, na Escola de Belas Artes do Paraná, Curitiba. É agraciada com o título Cavalheiro da Ordem do Rio Branco.
1973
Dá prosseguimento à pesquisa com diversas possibilidades técnicas e expressivas da serigrafia para ilustrar o poema “Os Anjos e os Demônios de Deus”, de Joaquim Cardoso. Ministra os cursos Desenvolvimentos estilísticos e expressão, e Grandes artistas: Rembrandt, Goya, Van Gogh, no Instituto de Arte da UFRS, Porto Alegre.
1974
Edita, por ocasião do 10º aniversário da morte de Aníbal Machado, o álbum intitulado Caminhos, composto por seis serigrafias: Aurora, Manhã, Dia, Tarde, Crepúsculo e Noite. Realiza exposição na Galeria Bonino, Rio de Janeiro, com serigrafias, aquarelas e litografias criadas durante três anos.
1975
Expõe na Casa do Brasil, em Roma, Itália; no Brazilian American Cultural Institute, em Washington, Estados Unidos; na Galerie Dédale, em Genebra, Suíça; no Palais des Beaux Arts, em Bruxelas, Bélgica, e na Galeria Grafikhiset, em Estocolmo, Suécia. Ministra o curso Criatividade e criação, na Sociedade de Psicanálise do Rio de Janeiro.
1976
Exposição de Serigrafias e Xilogravuras em Copenhagen, Dinamarca.
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Ministra os cursos: Criatividade e ensino artístico, no Encontro Nacional de Educação Artística, realizado pela Funarte em conjunto com a Escolinha de Arte do Brasil; Sobre processos de criação artística, no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), e Goya: o artista moderno, na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
1977
Composição abstrata, Aquarela sobre papel Arches, 75,0 x 52,5 cm.
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Realiza exposições com aquarelas, na Galeria Bonino, Rio de Janeiro, e na Múltipla, São Paulo. Ministra os cursos Conceitos básicos da linguagem artística e Criatividade e ensino artístico, no Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Vitória. Apresenta a tese “Uma experiência de educação comunitária”, no I Encontro Latino-americano de Educação através da Arte, UFRJ, Rio de Janeiro.
1978
Realiza exposição retrospectiva em Madri, Espanha, a convite do Ministério da Cultura daquele país. Na ocasião, ministra a palestra Desenvolvimento histórico e estilístico da gravura brasileira, no Centro Cultural de la Villa de Madrid. Neste ano, ministra cursos e palestras no Rio de Janeiro, em Salvador e em Porto Alegre. A artista exerce continuamente a atividade de educadora, no Brasil e no exterior, até o ano de 2001.
1979
Fayga em seu ateliê diante de serigrafia, 1979.
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É convidada para participar do Conselho Internacional do International Center for Integratives Studies (ICIS), de Nova York.
1980
Expõe litografias, na Kate Gallery, de São Paulo, e na Galeria Bonino, Rio de Janeiro. Realiza exposição retrospectiva no Museu Leonardo da Vinci, em Milão, Itália.
1981
Realiza exposição retrospectiva Fayga Ostrower: 20 años de Obra Gráfica, no Museu de Arte Moderna da Cidade do México.
1982
Fayga em seu ateliê. Flamengo, 1982.
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Recebe a distinção Notório Saber para cursos universitários de graduação e pós-graduação, conferida pelo Conselho Federal de Educação, Câmara de Ensino Superior, Brasília. É o reconhecimento pela excelência de sua formação autodidata, que incluiu, além do estudo das artes em geral, o interesse por filosofia, história, ciência, mitologia, entre outros assuntos. Recebe o prêmio Personalidade Cultural, da União Brasileira dos Escritores (UBE), Rio de Janeiro.
1983
Anna Bella Geiger e Fayga. Retrospectiva no MNBA, Rio de Janeiro, 1983.
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Realiza a exposição retrospectiva Fayga Ostrower: Obra Gráfica 1944-1983, no MNBA, Rio de Janeiro.
1984
Prêmio Mario Pedrosa.
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Recebe o Prêmio Personalidade 1983, da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Ganha o Grande Prêmio Nacional Mario Pedrosa, pela melhor exposição do ano, da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), Rio de Janeiro.
1985
Recebe o título Cidadão Honorário do Rio de Janeiro, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, e o de Mulher do Ano, do Conselho Nacional de Mulheres do Brasil, também no Rio. Recebe convite da Fulbright para visitar institutos e museus de arte nos Estados Unidos, avaliando problemas de Educação Artística.
1986
Exposição retrospectiva no Museo de Arte Moderno, Buenos Aires, Argentina (Reportagem do jornal Tiempo Argentino, 30/07/1986).
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Assume a presidência da Sociedade Brasileira de Educação Através da Arte (Sobrearte).
1987
É inscrita no Livro de Ouro da cidade de Wuppertal, na Alemanha, onde também realiza uma exposição na Galeria Epikur. Na visita que faz junto com seu marido Heinz, reencontra as colegas de escola, que a levam a percorrer todos os cantos da cidade que conhecera na infância.
1988
Recebe o prêmio Melhor Exposição, da APCA, pela mostra realizada no Museu de Arte Contemporânea (MAC), São Paulo. É nomeada para o Conselho Estadual de Cultura, Rio de Janeiro, junto com Paulinho da Viola, de quem se torna amiga.
Cria ilustração e projeto gráfico para a capa do livro De notícias e não notícias faz-se a crônica, de Carlos Drummond de Andrade.
1989
8911, Serigrafia a cores sobre papel Fabriano, 65,5 x 45,1 cm.
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A paixão pela arte e pelo ensino é a fonte de uma energia aparentemente inesgotável, que se concretiza em números significativos: no ano de 1989, por exemplo, ela participa de 27 encontros como palestrante e educadora. Fayga é convidada não apenas por instituições relacionados à arte, mas também por pessoas interessadas nas questões de criatividade nos mais diferentes espaços como o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas/CNPq; os Institutos de Física, de Matemática, de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, entre outros. Expõe na Polônia, na Galeria Test, em Varsóvia, e no Museu de Arte, em Lodz, sua cidade natal.
1990
Catálogo da Mostra Retrospectiva.
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É convidada pelo governo da Catalunha, Espanha, para uma Mostra Retrospectiva, que percorre as cidades de Barcelona, Terassa, Gerona, Lérida e Madri.
1991
Expõe aquarelas e litografias na Galeria Bonino, no Rio de Janeiro. Participa de mostras retrospectivas no Hämeenlinna Taidemuseo e no Museu de Arte Jyväskylä, ambos na Finlândia.
1992
Falece Heinz Ostrower, historiador e filósofo marxista, com quem Fayga fora casada por mais de 50 anos. A vasta biblioteca de Heinz é doada ao Arquivo Edgard Leuenroth, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), compondo a coleção História da Esquerda. No mesmo ano, morre Livio Abramo, gravador, mestre e amigo de muitos anos.
1993
Realiza exposição individual de gravuras no Museu de Belas Artes de Santiago do Chile.
1994
Recebe o Grande Prêmio Nacional de Arte pelo conjunto da obra e contribuição à arte brasileira do Ministério da Cultura do Brasil e Funarte.
1995
O cantor e compositor Paulinho da Viola e o médico Dawid Krakowski, irmão de Fayga. Exposição Gravuras de 1950 a 1995, CCBB-RJ, 1995.
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Realiza a individual Fayga Ostrower: Gravuras de 1950 a 1995, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Rio de Janeiro, visitada por 50 mil pessoas. A exposição também fica em cartaz no MAC, São Paulo, e no Museu de Arte de Brasília.
Participa da Sala Especial como Artista Homenageada pela Bienal de San Juan de Grabado Latinoamericano, em Porto Rico.
1996
Prêmio Mario Pedrosa, da ABCA.
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Recebe o Prêmio Mario Pedrosa, da APCA: Melhor Exposição do Ano, pela exposição do ano anterior.
1997
Grupo reunido para discutir o livro A sensibilidade do intelecto. Em sentido horário, a partir de Fayga: Roberto Santoro de Almeida, psiquiatra e musicólogo; Gilda Salem Szklo, professora de literatura brasileira e francesa; Isabel Gurgel Valente, psicanalista; Lilia Sampaio, pintora e professora de educação artística; Luiz Alberto Oliveira, físico nuclear, cosmólogo e filósofo. Rio de Janeiro, 1997.
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É condecorada com o Prêmio do Mérito Cultural, pelo governo brasileiro.
1998
Bilhete de agradecimento de José Mindlin para Fayga Ostrower pelo envio do livro A Sensibilidade do Intelecto. Os casais Mindlin e Ostrower foram amigos durante muitos anos.
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Realiza exposição individual representando o Brasil na II Conferência de Cúpula das Américas, em Santiago do Chile. Recebe o Prêmio Candido Portinari, do Ministério da Cultura. E, pela UBE, de Personalidade Cultural do Ano.
1999
Inaugura a exposição A Música da Aquarela, no MNBA, Rio de Janeiro. Após percorrer várias cidades brasileiras, a exposição vai para Paris, Berlim, Londres, Roma e Lisboa.
Fayga participa com uma sala especial na Mostra Rio Gravura.
Apresenta em diversas cidades brasileiras a série de palestras A grandeza humana: cinco séculos, cinco gigantes da arte, sobre Leonardo da Vinci, Rembrandt, Goya, Cézanne e Picasso.
Fayga recebe o Grande Prêmio de Artes Plásticas do Ministério da Cultura, Brasília, e a Medalha Augusto Rodrigues de Arte e Educação, da Fundação Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro.
O livro A sensibilidade do intelecto, visões paralelas de espaço e tempo na arte e na ciência recebe o Prêmio Jabuti.
2000
Inspirada pelo sucesso das palestras no ano anterior, Fayga decide escrever um livro com o mesmo tema. Trabalha com dificuldade, em virtude dos graves problemas de visão que a acometem.
2001
Falece no dia 13 de setembro, no Rio de Janeiro, deixando o livro incompleto. Tinha uma série de compromissos para o ano seguinte e também o plano de uma viagem para percorrer de carro o sul da França. Suas cinzas foram levadas pela filha Noni e pelos netos João Rodrigo e Leticia para o Anfiteatro de Epidaurus, na Grécia, sobre o qual ela escreveu:
Epidaurus é lindo, lindíssimo! É um dos lugares mais maravilhosos deste planeta. (…) fazia parte, na Antigüidade, de um santuário dedicado a Asclépio, Deus da Medicina. Tal santuário representava uma ilha de paz em meio a um mundo tumultuado, sendo respeitado pelas outras cidades-Estado da Grécia em suas eternas lutas pelo poder. Constituía uma espécie de centro clínico e de cura, para onde acorriam pessoas de todas as regiões da Grécia. (…) este santuário consistia em um templo (…) com um labirinto subterrâneo, em cujas galerias os doentes deviam passar uma noite a fim de, na manhã seguinte, contar seus sonhos aos sacerdotes do templo, que os interpretariam (pré-pré Freud). (…) as pessoas passariam horas de contemplação percorrendo o bosque sagrado (…). E também fazia parte do tratamento sentar no anfiteatro e assistir a uma peça de teatro grego. (…). Como eram sábios, esses gregos! (…) Há que ir a Epidaurus e ficar sentado em silêncio neste anfiteatro (de preferência não em horas de turismo). Neste silêncio somos tomados por um sentimento da mais profunda felicidade e paz de espírito e, por um instante e de modo misterioso, parece que compreendemos o sentido de viver. Sim, a beleza pode curar.
As cinzas de Fayga foram depositadas no bosque citado no texto.