Heinz Ostrower nasceu na Alemanha e entrou para o movimento jovem do KPO (Partido Comunista da Alemanha – Oposição), uma dissidência à linha stalinista fundada em 1928, que existiu até 1939 ilegalmente e operava só na clandestinidade. Trabalhava na fábrica de um fornecedor do pai quando os nazistas chegaram ao poder e foi preso em novembro de 1934 por atividades antifascistas, condenado a dois anos e meio de prisão. Foi deportado e perdeu a cidadania, vindo para o Brasil em 1937, onde já morava seu irmão Kurt Ostrower.
Bibliófilo e dono de uma vasta erudição, Heinz frequentava a Livraria Kosmos, na Rua do Rosário, centro do Rio de Janeiro, onde se reuniam muitos intelectuais de esquerda. Ali conheceu a jovem refugiada polonesa Fayga Krakowski, com quem se casou no dia 10 de maio de 1941. O apoio do marido foi fundamental para que Fayga Ostrower se tornasse uma das maiores artistas plásticas do Brasil. Logo após o nascimento do primeiro filho, Carl Robert, em 1949, ambos se naturalizaram brasileiros.
Heinz trabalhava no comércio, mas retomou a atividade política, ministrando em casa cursos de formação marxista e sobre as grandes questões da história contemporânea. Debatia as questões políticas contemporâneas na vasta correspondência com antigos camaradas do partido comunista alemão. Heinz era marxista independente e durante muito tempo foi hostilizado pela esquerda stalinista no Rio de Janeiro.
No final da década de 1970, centrou suas atividades no Centro de Estudos e Ação Comunitária (CEAC), sediado em Nova Iguaçu e voltado para o apoio aos movimentos sociais das populações carentes da Baixada Fluminense e Jacarepaguá. Nos dois locais acompanhou os debates sobre a Assembleia Constituinte de 1988. Presidiu a entidade de 1983 a 1989, depois de se aposentar.
Depois de falecer, em 1992, o seu acervo foi doado por Fayga ao Arquivo Edgard Leuenroth da Universidade de Campinas, especializado na história da esquerda no Brasil. O acervo, com mais de 500 títulos de economia, socialismo e marxismo, história da Revolução Francesa, da Revolução Russa, da China e da Alemanha, reúne também periódicos, textos e correspondência, com destaque para as cartas trocadas com Isaac Deutscher, biógrafo de Trótsky e Stálin, e Fritz Deinhard, marido da historiadora de arte Hannah Levy-Deinhard. Fitas com entrevistas e depoimentos de Heinz também integram o acervo. A maior parte dos livros está em inglês e alemão. Textos inéditos de Heinz sobre a ascensão do nazismo e a revolução russa deverão ser publicados pela Editora da Unicamp.
Heinz Ostrower - Jawor, Polônia (antes Alemanha), 29-05-1913 – Rio de Janeiro, 30-04-1992.
