Instituto Fayga Ostrower

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Herdeiros Fayga Ostrower

Chamou atenção a exposição de Fayga, uma parceria do Instituto Fayga Ostrower com o Baukurs Cultural. Ela foi realizada na Feira da Língua Alemã, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rio, apenas no dia 15/04/2023.

Noah Schünemann Miranda, Diretor Administrativo do Baukurs, coordenou a montagem da mostra que, além das gravuras, contou com um texto sobre a amizade de Thea Schünemann Miranda e Fayga - e outro da artista, sobre a decisão de se tornar artista profissional em 1946, durante o curso de Artes Gráficas na Fundação Getúlio Vargas.

Texto sobre Thea e Fayga:

A relação de Fayga Ostrower com o Baukurs vem de muitos anos atrás. Sua amizade com a Família Schünemann & Miranda era especial e afetuosa e se estendeu até o Baukurs. Podemos dizer, que de certa forma, Fayga foi a mentora e incentivadora, para que o Baukurs se expandisse, e crescesse para além de um curso de alemão tornando-se um Centro Cultural. Por isso mesmo, o Baukurs Cultural foi inaugurado em 2010 com uma exposição em sua homenagem. De sua biografia, sabemos que Fayga viveu durante sua infância e parte de sua adolescência na cidade alemã de Wuppertal, onde a família viveu até ser obrigada a fugir para o Brasil. Fayga tinha um enorme carinho pela língua alemã, e compartilhava com Thea Schünemann Miranda, sócia fundadora do Baukurs e criadora do Baukurs Cultural, o grande amor pelo primeiro grande poeta da simbiose judaico/alemã, Heinrich Heine.

As duas foram grandes amigas e compartilharam a última viagem de Fayga em vida, o que dá uma dimensão da relação entre as duas. Afinal, viajar é um dos poucos cenários no qual conhecemos uma pessoa na essência.

Depois do seu falecimento a amizade se expandiu para sua filha Noni, que vem sendo uma grande parceira do Baukurs nesses últimos anos. Os livros em alemão de Fayga encontram-se no Baukurs. Contemplando sua biblioteca, podemos dizer, que Fayga leu durante sua vida, tudo o que era formativo e fundamental na língua alemã, desde filósofos, até pensadores, escritores e poetas. É uma enorme honra e uma grande alegria poder mostrar um pouco a arte dessa grande artista polonesa/alemã e brasileira durante o evento da "Semana da Língua Alemã".

Texto Fayga sobre o curso FGV, 1946:

“Li no Correio da Manhã que a Fundação Getúlio Vargas iria promover, durante seis meses, um curso de artes gráficas. Fui me informar e era tudo ótimo: curso gratuito, livre, não exigia diploma, só um pequeno teste de desenho livre. Mas era tempo integral, das 9 às 17 horas. Isto significava que, se quisesse realmente fazer o curso, tinha que abandonar o emprego. Foi o que fiz. De certo modo, quando fui à Fundação Getúlio Vargas apenas para saber as condições, dentro de mim já estava resolvida a fazer o curso.

(...) Havia modelo vivo, papel, crayon, lápis, enfim, quem quisesse podia desenhar, e depois podia assistir às aulas de xilogravura, gravura em metal. Pelo menos, a base técnica, rudimentar, aprendi, e aprendi uma coisa muito melhor ainda, aprendi que era esse o meu mundo. (...) Quando terminou o curso, não quis voltar mais ao escritório. Resolvi tornar-me artista profissional. Daí começou minha entrada na arte. Fayga Ostrower”.